quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cru...


Olhou-me como quem vê negro anjo
E a morte lhe sorriu em face clara.
Deixou-se lastimar e um desarranjo
Na mente em confusão... Coisa não rara!

Se poupo da tortura eu não esbanjo
E se faço o contrário, diz-me: pára!
Até vou concordar que às vezes manjo
Da arte de jogar contra a antepara.

Eu sei o que queriam que eu dissesse,
Mas meu ser é confuso e não tem pena
E sabe infligir a dor que é plena.

Nem tudo nessa história é o que parece
Ou é o que dá voltas, quase em “s”,
Na estrada de feridos... Não pequena...

Ronaldo Rhusso


Talvez!

Não fantasio, sou sem graça...
Previsível!
Não amacio, sou sem seca...
Inflexível! 


Ato os feixes de minhas sobras
e percebo que não vão dar uma fogueira.


Acaricio, sou sem temores...
Sou terrível!
Policio sentimentos, sou testado...
Irascível?

Ronaldo Rhusso





terça-feira, 22 de maio de 2012


Quase...

Que direi do inverso interrompido pelo verso
que me veio em momento crucial, quase em gozo?
Fê-la à ação interrompida e agora a aurora
cruel se ri.
E o verso?
Coisa à toa...

Ronaldo Rhusso



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Do lúbrico!




Lampejos de euforia invadem ser teimoso
onde o fremir gozoso açoita a alegria!
E, dando, exprimiria um tanto desse gozo...

Ao delir o escabroso o céu se abriria!
E eu sei o que diria a musa entontecida:
"Oh! Fundo, minha vida! Eis que já vejo a Lua"!

Eis a verdade crua em versejar aberto

em tíbias que, decerto, aventam musa nua...

Ronaldo Rhusso




Fotografia...


Eu vi quando chegou tão diferente!
A face sem rubor; eis fantasia!
Eu vi, confesso, mais do que eu queria
E tudo está aqui na minha mente...

Os pixels, aos milhões... Surpreendente
A carga que a memória, em mim, copia...
As luzes acendendo, quase dia...
E sinto: essa impressão é permanente!

Okay! A imagem pode não ser tudo
Ou pode nem ser parte da verdade
E eu rio, pois é tudo novidade!

Relembro de um detalhe e fico mudo...
*******************************
Não sei se meu sorrir é só o escudo
Ou se meu foco é pura insanidade.

Ronaldo Rhusso



Tenso...

Conto as horas que separam meu momento;
Meu alento... O cauterizar feridas...

Mudo...

O absurdo passa atroz por minhas lentes!
Arrepios e até medo do vazio...

Limpo...

Corpo e alma (intelecto) banhados em ternura...
Quase sinto o que sentes por mim!

Vivo...

A esperança renascida;
Uma menina que se move
Calma linda e que me diz:
Estou aqui.

Penso...

Até quando?


Ronaldo Rhusso



sábado, 19 de maio de 2012

Normal...



Se sustento o tento ansiado
Vejo a areia do tempo cair;
Vejo o momento inexato expandir
Como se fosse tragar meu lamento.

Quem é você a me olhar nesse espelho?

Restos de mim ainda portam feridas
E esse descaso é quem denuncia
Todo o amor que me tem nessa hora,
Mas jogo fora porque penso muito.

Quem é você pra julgar meus deslizes?

Outro Inverno e o inferno é quem ganha...

Ronaldo Rhusso


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Quase seguro...

Vossa mercê, senhora minha ouvi
O que esse fraco, vosso servo diz
De peito aberto como sempre quis:
Em meu sentir, senhora enlouqueci!

Se vos roubei o ósculo, perdi
A sanidade, mas sei bem que fiz
A vosso ser que, é fato, está feliz
E eu posso ver o vosso rir, daqui.

Vossa mercê deveis vos libertar
Das convenções, daquilo que assaz
Impede vosso ser de ter bem mais.

Sei não quereis vos dar a um sem lar,
Sem sangue azul, sem nome a propalar,
Mas posso ser-vos, belonave, o cais!

Ronaldo Rhusso





quarta-feira, 16 de maio de 2012

Como sempre...


O tempo passa e eu passo a passarela
Em tom de tango e tanto temporal
Que encharca e acharca a alma chã, mortal
Embora agora a hora explore a bela.

Não quero o mero esmero nessa cela!
Aqui eu quis o quase surreal
Enquanto o canto em gozo sem igual
Alude ao sal que sai-nos sem cautela!

Querida a brisa ao rosto e a brida solta
Alerta que está aberta a temporada
Pra cura ou pra loucura desvairada!

É fato que o regato com que rego
A flor de olor mais nobre e sabor santo
Irriga o nosso amor, o ardor e o encanto.

Ronaldo Rhusso

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Lena... (20 anos)


Lena
(20 anos)

Sou ente dificílimo, confesso,
e tu me aguentas sem que eu compreenda
por que fui receber tão grande prenda
se às vezes nem na vida eu me interesso...

Na minha existência pouco eu peço
de sorte que não há quem me entenda...
Mas tu te esforças; fazes que eu me renda
a ponto de em meu ser ter pronto acesso.

Contigo as lutas são todas vencidas.
Tu foste e és a melhor das minhas sinas
e eu vejo que por mim “tu te declinas”...

Contigo eu viveria até mil vidas
e não me importariam mais as lidas.
Nem sei onde eu começo e tu terminas...

Ronaldo Rhusso